Texto Dissertativo-Argumentativo: o que é, estrutura e como fazer

Postado em 7 de jul de 2022
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Saber escrever uma boa redação é um trunfo para estudantes e profissionais.

Seja no vestibular ou no Enem, a habilidade de escrever bem pode ser a diferença entre conquistar ou não uma vaga no ensino superior.

Até mesmo no mercado de trabalho, essa habilidade pode garantir uma boa perspectiva. Isso porque você pode precisar escrever uma redação em concursos públicos ou entrevistas.

Por isso, entender como estruturar um texto dissertativo-argumentativo, e como desenvolver a língua portuguesa nele, é algo que você não pode deixar para depois.

Esse é o gênero de redação que mais aparece em provas e processos seletivos. Ele é um modelo no qual você apresenta uma tese, argumenta e propõe uma solução.

Além de mostrar as suas habilidades de escrita, o texto dissertativo-argumentativo é uma forma de avaliar sua destreza com argumentos e pensamento lógico. E pensando em ajudar você a dominar esse modelo, trouxemos tudo o que você precisa saber neste artigo.

Aqui, você vai ver o que é o texto dissertativo-argumentativo, como deve ser estruturado, exemplos de como escrever um bom texto no modelo e dicas extras.

Confira:

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O que é uma dissertação?

O primeiro passo para saber como escrever um bom texto dissertativo-argumentativo é entender o que é esse modelo, de onde ele veio e quais são suas principais características.

O modelo dissertativo-argumentativo é um gênero textual que deriva da dissertação, um gênero de texto no qual o autor apresenta ou defende um ponto de vista.

Ou seja, ele discorre durante a redação sobre um tema, seja apenas expondo o seu ponto de vista sobre uma temática, seja defendendo um posicionamento diante de um assunto.

Dentro da dissertação, existem dois modelos diferentes:

  1. Dissertativo-Expositivo
  2. Dissertativo-Argumentativo

Abaixo, você confere as diferenças entre esses dois modelos.

Qual é a diferença entre a redação dissertativa-Expositiva e a dissertativa-argumentativa?

A principal diferença é que a redação dissertativa-expositiva é apenas uma exposição de acontecimentos, como o próprio nome diz, enquanto a dissertativa-argumentativa precisa que o autor argumente sobre um ponto de vista.

Um exemplo conhecido do modelo expositivo são as notícias. Nelas, os jornalistas expõe os fatos, narram a notícia como ela aconteceu, sem defender pontos de vista ou trazer argumentos.

A intenção da redação expositiva, então, é informar.

Já a redação dissertativa-argumentativa tem como objetivo a persuasão do leitor. Sua intenção é apresentar argumentos baseados em fatos para defender um ponto de vista e convencer o leitor de que sua proposta de intervenção deveria ser considerada.

🔵 Leia também: Como fazer uma redação nota 1000 no Enem [GUIA COMPLETO]

O que é um texto dissertativo-argumentativo?

Como você viu, o texto dissertativo-argumentativo é um modelo de dissertação que usa argumentos baseados em fatos para defender um ponto de vista.

Ou seja, o autor do texto apresenta uma tese, argumenta a favor do seu ponto de vista utilizando exemplos, citações de pensadores, fatos conhecidos, dados e pesquisas e propõe uma intervenção ao final.

É um modelo que tem como objetivo mostrar ao leitor por que você pensa de determinada forma sobre um assunto específico e convencê-lo de que a sua tese faz sentido.

É importante sempre lembrar que, mais do que persuadir o leitor a levar seu ponto de vista em consideração, a redação nesse modelo precisa apresentar argumentos baseados em fatos. Ou seja, o autor não deve apenas dizer o que pensa, ele precisa provar.

Por exemplo, não é correto usar a seguinte forma neste modelo:

Eu acho que a violência contra a mulher é um problema muito preocupante.

Essa frase foi construída em forma de opinião. Porém, o texto dissertativo-argumentativo precisa de argumentos e fatos. Logo, o mais correto seria:

De acordo com o Jornal O Globo, a cada minuto, 35 mulheres são agredidas verbal e fisicamente no Brasil. Isso nos mostra que a violência contra a mulher é um problema sério no nosso país.

No exemplo acima, o autor não dá sua opinião de forma pessoal, mas traz o dado de uma pesquisa para mostrar seu ponto de vista.

🔵 Leia também: Como ganhar um repertório coringa para redação e se dar bem no Enem

Por que a redação dissertativa-argumentativa é pedida no Enem e nos vestibulares?

Sem sombra de dúvida, o modelo dissertativo-argumentativo é o tipo de dissertação mais requisitado em concursos públicos, vestibulares e processos seletivos. Ele também é o tipo de redação exigido no Enem.

Mas por quê? Existem diversos motivos.

O primeiro de todos é que a redação nesse modelo consegue dar muitos parâmetros sobre o candidato. Através dela, é possível entender o domínio que essa pessoa tem da língua portuguesa, a destreza em argumentar e o pensamento lógico que tem.

Ou seja, apenas com um texto é possível avaliar diversos aspectos.

Também é importante dizer que a avaliação de um texto argumentativo não tem a ver com o fato de o avaliador concordar ou não com o que está escrito. O mais importante na hora de avaliar é entender a habilidade do candidato de escrever um texto consistente.

É claro que é preciso ter bom senso na hora de escrever sua redação, lembrando sempre, no caso do Enem, respeitar os Direitos Humanos para não perder pontos.

 

 

 

Qual é a estrutura de uma redação dissertativo-argumentativa?

Quando falamos em estrutura, estamos falando sobre a divisão por etapas que o texto nesse formato precisa ter, os parâmetros que ajudam a chegar no objetivo do texto.

No caso da redação dissertativa-argumentativa, o candidato precisa escrever um texto com introdução, desenvolvimento e conclusão. Além disso, precisa apresentar uma tese de redação, argumentos que apoiem essa tese e uma proposta de intervenção indicando um responsável.

Abaixo, conheça melhor todas as partes que formam esse modelo e um exemplo de redação nota 1000 que demonstra como utilizá-los ao máximo:

1. Introdução

A introdução é a parte inicial da redação, onde você começa a trabalhar o tema proposto mostrando que entendeu o enunciado e apresentado sua tese de redação.

Ou seja, é nesse primeiro parágrafo que você resume o seu ponto de vista, a ideia que vai defender com argumentos e para a qual vai propor uma solução.

É comum que a introdução esteja contida em um parágrafo. Por exemplo, confira a introdução de uma redação nota 1000 do Enem 2022 abaixo:

Na minissérie documental “Guerras do Brasil.doc”, presente na plataforma Netflix, o professor indígena Ailton Krenak propõe a reflexão acerca da dizimação dos povos originários a partir de perspectivas atuais, em que é retratada a história sob o olhar do esquecimento e da violência contra esses povos, a despeito da sua riqueza cultural e produtiva. Essas formas de desvalorização das comunidades tradicionais do Brasil são respaldadas, dentre outros fatores, pela invisibilização histórica desses atores sociais no ensino básico e pelo preconceito que rege o senso comum. Dessa forma, é imprescindível a intervenção sociogovernamental, a fim de superar os desafios mencionados.

No trecho acima, é possível perceber como a candidata contextualiza o tema com uma citação a um documentário (mostrando bagagem cultural) e apresenta sua tese na frase em destaque (que já adiantam a argumentação).

Ela acredita que é a invisibilização história e o preconceito contra indígenas que causam a desvalorização dessa comunidade. Para fechar o parágrafo, a candidata traz uma breve referência a sua proposta de intervenção, que será melhor trabalhada durante o texto.

2. Desenvolvimento

Depois de encerrar a introdução, o texto dissertativo-argumentativo segue com o desenvolvimento. Nele, que costuma ocupar dois parágrafos do texto, é preciso apresentar a argumentação para o ponto de vista.

É no desenvolvimento que o candidato precisa trazer aquilo que ele acredita serem causas que sustentam sua tese. Além disso, é preciso trazer dados, pesquisas, citações ou alusões que reforcem sua escolha de argumentos.

Vamos entender como a candidata citada anteriormente trabalhou o desenvolvimento:

Com efeito, cabe destacar a exclusão generalizada dos aspectos históricos e culturais referentes às etnias tradicionais dentro do sistema educacional como fator proeminente à perpetuação da desvalorização do grupo em questão, uma vez que, sendo a escola um dos núcleos de integração social e informacional, a carência de estímulos ao conhecimento dos povos nativos provoca desconhecimento, e consequentemente, o cidadão comum não tem base da informação acerca da indispensabilidade das comunidades originárias à formação do corpo social brasileiro. Nesse sentido, os versos “Nossos índios em algumas poucas memórias/Os de fora nos livros das nossas escolas”, da banda cearense Selvagens a Procura de Lei, ilustram a construção do ensino escolar pautada no esquecimento dessa minoria, de maneira a ampliar sua desvalorização. Assim, é constatável a estreita relação entre as lacunas na educação e o fraco reconhecimento dos povos e das comunidades tradicionais.

Ademais, vale ressaltar o preconceito cultivado no ideário popular como empecilho à importância atribuída aos povos nativos, posto que, em decorrência da baixa representatividade em ambientes escolares, como mencionado anteriormente, e do baixo respaldo cultural, marcado por estereótipos limitantes e etnocentristas, isto é, que supõem superioridade de uma etnia em relação à outra, há formação de estigmas sobre pessoas dessas minorias e, por conseguinte, não há o reconhecimento de suas ricas peculiaridade. Seguindo essa linha de raciocínio, é possível estabelecer conexões entre a atualidade e a carta ao rei de Portugal escrita por Pero Vaz de Caminha, no momento da chegada dos portugueses ao Brasil, de forma que a perspectiva do navegador em relação ao indígena, permeada de suposta inocência, maleabilidade e passividade, pouco alterou-se na concepção atual, evidenciando a prepotência e a altivez que são implicações da ignorância e do silenciamento das fontes tradicionais. Então, são necessárias medidas de mitigação dessa problemática para o alcance do bem-estar da sociedade.

No trecho acima, podemos ver como a candidata trouxe citações e alusões culturais que dão embasamento para seus argumentos. Ela acredita que uma das formas de desvalorização dos povos indígenas é a falta de conteúdo sobre elas no ensino básico.

Então, ela trouxe argumentação para sustentar essa opinião na forma de análise do currículo escolar. Assim como uma citação a banda nordestina.

E para seu segundo argumento, de que existe preconceito contra indígenas, a candidata embasou sua opinião na forma como pouco fala-se sobre os povos originários na nossa cultura (amarrando com o primeiro argumento) para além daquilo que se acreditava em 1500.

3. Conclusão

A conclusão é o que, como o nome indica, finaliza o texto dissertativo-argumentativo.

O objetivo da conclusão é amarrar a tese e os argumentos e apresentar a proposta de intervenção. Esse elemento é uma espécie de solução para o problema.

Por exemplo, a redação que estamos usando de exemplo aqui é um texto dentro da temática "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil". Ou seja, a ideia é que o candidato apresentasse formas de valorização dos povos originários.

Dessa forma, a proposta de intervenção é onde a conclusão culmina. Depois de analisar os fatores que fazem esta temática ser um problema, chegou a hora de o candidato mostrar como resolver esse problema.

Além disso, existe outro elemento essencial à conclusão: a indicação do responsável pela solução. Ou seja, qual dos GOMIFES (Governo, ONGs, Mídia, Iniciativas Privadas ou Indivíduo, Família, Escola e Sociedade) vai aplicar a proposta.

Vamos seguir com o exemplo:

Em suma, entende-se o paralelo entre a desvalorização dos povos nativos e o apagamento histórico destes, além do preconceito sobre este grupo, de modo a urgir atenuação do cenário exposto. Para isso, cabe ao Ministério da Educação a ampliação do ensino histórico e cultural do acervo tradicional, por meio da reformulação das bases de assuntos abordados em sala de aula e da contratação de profissionais dessas etnias, com o objetivo de pluralizar as narrativas e evitar a exclusão provocada por apenas uma história, em consonância com o livro da escritora angolana Chimamanda Ngozie Adichie “O perigo da história única”. Também, é papel dos veículos culturais, como a mídia, a representação ampla e fidedigna desses grupos, com o fito de minorar a visão estigmatizada do que foi construída. Com isso, o extermínio simbólico denunciado por Krenak será minguado.

Veja como a candidata começa a conclusão de seu texto trazendo um breve resumo da introdução e do desenvolvimento.

Em seguida, ela nos traz sua proposta de intervenção e indicação de responsável: a solução seria uma revisão de currículo escolar por parte do Ministério da Educação e a contratação de profissionais indígenas.

🔵 Leia também: Espelho da redação do Enem: o que é, como consultar e o que é avaliado

Veja mais dicas de como escrever um ótimo texto dissertativo-argumentativo

E agora que você já entendeu a estrutura da redação dissertativa-argumentativa, vamos às principais dicas que podemos dar sobre como fazer um texto excelente neste modelo.

Confira:

E então, o que achou das dicas? Esperamos que você esteja se sentindo muito mais preparado para escrever um texto dissertativo-argumentativo!

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Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

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