Como fazer a proposta de intervenção da redação do Enem + Exemplos

Postado em 19 de jul de 2021
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A prova de redação é a parte do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que mais assusta os estudantes. E não é para menos: o tema só é conhecido no momento da prova e o desempenho na redação representa 20% da nota do exame.

A redação do Enem vale 1000 pontos, que são distribuídos em cinco competências. Cada competência vale de zero a 200 pontos, e a nota final corresponde à soma dessa pontuação. 

Quatro desses cinco critérios envolvem, basicamente, saber escrever e argumentar bem. Mas o quinto é um pouco mais complexo: “elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos”. 

Para muitos estudantes, a proposta de intervenção é a parte mais difícil da redação. Afinal, não basta apenas apresentar uma tese sobre o tema, mas também oferecer uma proposta de intervenção factível e condizente com o que foi apresentado. 

Mas o que isso significa na prática? Neste artigo, vamos explicar como fazer uma proposta de intervenção na redação do Enem e apresentar alguns exemplos. 

Boa leitura!

Confira:

 

O que é uma proposta de intervenção 

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema 'Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil', apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.”

Todos os anos, o enunciado da redação do Enem é igual. A única parte que muda é o tema da redação. No exemplo que apresentamos acima, o tema foi da edição de 2021.

Uma proposta de intervenção é uma sugestão de ação ou medida para minimizar ou apontar um caminho para resolver determinada questão social.

A proposta de intervenção é uma competência característica da redação do Enem. Assim, ao finalizar o texto, os participantes precisam elaborar uma proposta de ação condizente e factível com o problema apresentado e com a realidade brasileira. 

Essa exigência é um dos detalhes mais interessantes do Enem. Afinal, ela permite avaliar a capacidade do aluno de analisar o problema e propor uma ação que atue, em alguma medida, como atenuador da questão. 

Não é necessário que a proposta solucione de forma definitiva a questão apresentada. Mas, é essencial que ela seja possível de ser aplicada, que converse com o restante do texto e que ajude a enfrentar as barreiras identificadas durante a argumentação.

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Os 5 elementos da proposta de intervenção 

A proposta de intervenção deve ter uma abordagem completa e contextualizada para ser considerada legítima e produtiva pela banca avaliadora.

Pensando nisso, é possível elencarmos 5 elementos essenciais para uma boa proposta de intervenção. Para entender melhor quais são esses elementos, observe o exemplo abaixo: 

“Por isso, para combater tal manipulação, é necessário que o Ministério da Educação, com o auxílio de escolas, promova saraus e campanhas, em diversas mídias de massa que mostrem a importância dos jovens buscarem fontes variadas de informação, por meio de incentivo à leitura de jornais, livros e sites confiáveis, com a finalidade de criar uma população com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas, barrando-as e, consequentemente, beneficiando o regime democrático”.

1. Ação: o que será feito?

O primeiro passo para elaborar uma proposta de intervenção é pensar o que deve ser feito para resolver o problema apresentado. No exemplo que observamos anteriormente, a ação é  "promover saraus e campanhas”.

2. Agente: quem fará?

Depois de pensar na ação, você deve informar quem seria o responsável pelo seu planejamento e execução dela. Órgãos governamentais, como ministérios, prefeituras e secretarias, as famílias, escolas e ONGs são alguns dos agentes possíveis.

No texto de exemplo, os agentes são “Ministério da Educação, com o auxílio de escolas”.

3. Modo/meio: como será feito? 

Após determinar a ação e o agente, é o momento de explicar como a medida será colocada em prática. No exemplo, o modo é “por meio de incentivo à leitura de jornais, livros e sites confiáveis”.

4. Finalidade: qual o efeito da ação no problema?

É essencial que na proposta de intervenção você também mencione o efeito da sua intervenção sobre o problema. Ou seja, qual a finalidade dela. No exemplo, a ação proposta buscava ter como resultado “ uma população com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas, barrando-as e, consequentemente, beneficiando o regime democrático”.

5. Detalhamento: quais são os detalhes importantes para essa ação dar certo?

Você já deve ter ouvido falar de muitos estudantes que perderam pontos por não detalhar a proposta de intervenção, certo?  

Mas não precisa se desesperar: os detalhamentos nada mais são do que exemplos e explicações sobre os quatro elementos anteriores (ação, agente, modo e finalidade).

No exemplo que vimos antes, o detalhamento é  “em diversas mídias de massa que mostrem a importância dos jovens buscarem fontes variadas de informação”.

🔵Leia também: Como usar o GOMIFES na proposta de intervenção da sua redação do Enem

Como a proposta de intervenção é avaliada no Enem 

A nota da redação é atribuída por uma banca examinadora, composta por pelo menos dois professores. 

Esses profissionais fazem a leitura do texto e utilizam cinco competências para determinar a pontuação do candidato na redação. Confira:

  • Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
  • Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
  • Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
  • Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
  • Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos.

Os professores dão uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco competências. À medida que elas não forem atendidas, a sua nota vai reduzindo.

Existem 6 níveis de pontuação para cada uma das competências: o maior vale 200, que vai reduzindo em 40 pontos a cada descida de nível, ou seja:

  • 1.º nível: 200 pontos
  • 2.º nível: 160 pontos
  • 3.º nível: 120 pontos
  • 4.º nível: 80 pontos
  • 5.º nível: 40 pontos
  • 6.º nível: 0 pontos

Pensando na competência 5, que se refere a proposta de intervenção, é possível supor as seguintes avaliações para cada nível de pontuação:

  • 1.º nível: 200 pontos - elabora muito bem proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.
  • 2.º nível: 160 pontos - elabora bem proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.
  •  3.º nível: 120 pontos - elabora de forma mediana proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.
  • 4.º nível: 80 pontos - elabora de forma insuficiente proposta de intervenção relacionada ao tema ou não articulada com a discussão desenvolvida no texto.
  • 5.º nível: 40 pontos - apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao assunto.
  • 6.º nível: 0 pontos - não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada ao tema ou ao assunto.

🔵Leia também: Espelho da redação do Enem: o que é, como consultar e o que é avaliado

Os erros mais comuns na escrita da proposta de intervenção 

Elaborar uma proposta de intervenção pode ser um desafio para muitos estudantes. Em função disso, existem alguns erros que já são comuns na redação do Enem

Confira quais são:

Propostas muitos vagas

É muito comum que os candidatos percam pontos na redação por desenvolverem propostas de intervenção muitas vagas.

Normalmente, propostas que contêm o agente “governo”, sem apresentar mais detalhes, costumam cair nesse erro. 

Por exemplo, “O governo precisa criar leis eficazes para combater os problemas relacionados à publicidade infantil”. Está errado? Não. 

Contudo, quanto mais específico o candidato for, maior será a nota alcançada, porque isso demonstra conhecimento das esferas governamentais as quais os cidadãos podem recorrer.

Fuga do tema 

Não é incomum que os alunos discorram durante toda a redação sobre um assunto e no parágrafo final apontem um caminho tendo como referência outro tema.

Se isso acontecer, os avaliadores podem concluir que você não possui repertório suficiente para abordar diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema. Ou ainda que você não tem capacidade de seguir com a mesma linha de raciocínio. Em ambos os casos, sua nota vai ser consideravelmente diminuída. 

Por isso, é muito importante manter uma linha de raciocínio dentro da sua argumentação, garantindo que você continue explorando a temática proposta. 

Ações muito complexas

Ao contrário do que muita gente fala, você não precisa solucionar nenhum problema na redação do Enem. Você apenas precisa intervir para buscar diminuir o problema, pois dificilmente conseguiríamos resolver questões tão complexas em tão poucas linhas e no curto tempo de prova.

Por isso, não busque ações muito complexas ou mirabolantes. Elas podem tornar a sua argumentação confusa e trazer prejuízos para sua nota. 

Lembre-se dos cinco componentes da proposta de intervenção e foque nessas etapas.

🔵Leia também: O que zera a redação do Enem?

Exemplos de proposta de intervenção na redação do Enem 

Já falamos bastante sobre a proposta de intervenção, que tal vermos agora alguns exemplos? 

A seguir, trazemos 6 exemplos de proposta de intervenção. Eles foram retirados de redações que alcançaram a nota 1000 no Enem. Para conferir as redações completas, acesse aqui

Exemplo 1

Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais, que contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.

Exemplo 2

Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados.

Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.

Exemplo 3

Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência.

Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz.

Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão, narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses cidadãos.

Exemplo 4 

Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o Poder Público promova palestras em locais públicos nas cidades brasileiras a fim de esclarecer a população sobre os dispositivos legais existentes que protegem a mulher, aumentando, desse modo, o número de denúncias.

Aliado a isso, é preciso que as escolas, junto com a equipe de psicólogos, promovam campanhas, palestras, peças teatrais, etc. , que desestimulem o machismo entre crianças e adolescentes para que, a longo prazo, o machismo na sociedade brasileira seja findado. Somado a isso, a população pode pressionar a mídia através das redes sociais, por exemplo, para que ela passe a propagar a equidade entre gêneros e pare de disseminar o machismo na sociedade.

Exemplo 5

Com base nisso, o governo federal pode determinar um limite, desassociando personagens e figuras conhecidas aos comerciais, sejam televisivos, radiofônicos, por meios impressos ou quaisquer outras possibilidades. A família, por outro lado, tem o dever de acompanhar e instruir os mais novos em como administrar seus desejos, viabilizando alguns e proibindo outros.

Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, a importância do acessoria parental e organização do Estado frente a essa questão. Não se pode atuar com descaso, tampouco ser extremista. A criança sabe o que é melhor para ela? Talvez saiba, talvez não. Até que se descubra (com sua criticidade amadurecida), cabe às entidades superiores auxiliá-la nesse trajeto.

Exemplo 6 

Torna-se evidente, portanto, que a questão da publicidade infantil exige medidas concretas, e não um belo discurso. É imperioso, nesse sentido, uma postura ativa do governo em relação à regulamentação da propaganda infantil, através da criação de leis de combate aos comerciais apelativos para as crianças. Além disso, o Estado deve estimular campanhas de alerta para o consumo moderado.

Porém, uma transformação completa deve passar pelo sistema educacional, que em conjunto com o âmbito familiar pode realizar campanhas de conscientização por meio de aulas sobre ética e moral. Quem sabe, dessa forma, a sociedade possa tornar a geração infantil uma consumidora consciente do futuro, sem perder a pureza proposta pelo Movimento Romântico.

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Conclusão

Neste artigo, explicamos como fazer a proposta de intervenção da redação do Enem. Se você gostou desse conteúdo, não deixe de conferir outros textos do Blog do EAD:

Mariana Moraes

Por Mariana Moraes

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