O que é ócio criativo e como praticar

Postado em 23 de jul de 2021
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Você já ouviu alguém explicar que o ócio criativo é “não fazer nada para estimular a criatividade”?

Essa confusão é comum por causa do sentido que a palavra “ócio” tem no dia a dia. Mas o termo não tem nada a ver com preguiça nem folga.

Entenda a relação entre o ócio criativo e a harmonia entre trabalho e vida pessoal a seguir:

 

O que significa ócio criativo

O ócio criativo é um fenômeno da passagem de uma sociedade industrial para uma pós-industrial, caracterizada pela valorização das atividades criativas. Estas exigem um maior esforço intelectual do que manual, além de não serem repetitivas.

Devido a essas características, as atividades criativas borram os limites entre o aprendizado, o trabalho e a diversão. Essa divisão artificial ganhou força ao longo dos séculos 19 e 20, com a organização das 24 horas do dia em 8 horas dedicadas ao trabalho, oito ao sono e oito ao lazer.

Por isso que o sociólogo Domenico de Masi define o ócio criativo como “a síntese entre o trabalho, o estudo e o jogo”. Não é um momento em que não estamos realizando ação alguma, mas um estado de plenitude do indivíduo caracterizado por:

  • Exercer uma atividade laboral que gera riqueza;
  • Estimular a aprendizagem e adquirir conhecimento;
  • Criar alegria e sensação de bem-estar.

Nessa perspectiva, quem tem um trabalho rentável e que permite conciliar o estudo com o lazer pratica o ócio criativo. É a harmonia entre a vida profissional e a pessoal, tão almejada nos dias de hoje.

Para Masi, a sociedade pós-industrial está fundada na criatividade, resultado da combinação entre o lado emocional e a racionalidade do ser humano. Essa mudança só foi possível graças à automatização de processos, que permitiu às pessoas serem mais criativas nos afazeres do dia a dia.

Essas ideias foram compartilhadas pelo sociólogo na entrevista publicada no livro “O Ócio Criativo” (1995). Passados quase trinta anos, as reflexões de Domenico de Mais continuam relevantes na sociedade atual, marcada pela aceleração e pela transformação digital nas organizações.

O sociólogo Domenico de Masi ao lado da capa do livro "Ócio Criativo".O sociólogo Domenico de Masi ao lado da capa do livro "Ócio Criativo".

A relação entre ócio criativo, saúde e produtividade

Os preceitos do ócio criativo são fundamentais para profissionais manterem a saúde e serem mais produtivos em suas funções.

Focar apenas no pilar do trabalho gera estresse e esgotamento mental, o que pode levar ao adoecimento. Levantamento da consultoria B2P indicou os transtornos mentais e comportamentais como a terceira causa de afastamento do trabalho por razões médicas em 2021.

Um exemplo é a síndrome de burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional. Ela tem como sintomas:

  • Ansiedade;
  • Irritabilidade;
  • Sensação de exaustão física e mental;
  • Baixa autoestima;
  • Dificuldade de concentração;
  • Associação de sentimentos negativos ao trabalho.

Em 2022, a síndrome foi considerada uma doença ocupacional após ser incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil é o segundo país com mais casos da doença, com mais de 30 milhões de profissionais afetados. O país só fica atrás do Japão, de acordo com a International Stress Management Association (Isma).

Aqui vale lembrar a definição de saúde da OMS, que não é simplesmente a “ausência de doença”, mas um “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”.

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Como praticar o ócio criativo

A regra de ouro para praticar o ócio criativo é não se sobrecarregar com as atividades do trabalho, o que possibilita se dedicar mais aos momentos de estudo e de lazer.

Colocar essa ideia em prática é desafiador, mas é possível mudar sua relação com o trabalho aos poucos, com pequenas ações:

  • Não olhe e-mails nem responda mensagens do WhatsApp após o fim do expediente;
  • Faça pequenas pausas ao longo do dia, em especial entre as reuniões. Saia para caminhar, tomar uma água e alongar o corpo;
  • Se você trabalha em casa, defina um limite físico para o trabalho. Ele deve ser feito sempre no mesmo ambiente. Os demais cômodos são reservados para o descanso;
  • Liste todas as tarefas inacabadas do dia para retomá-las na manhã seguinte;
  • Planeje o que você fará no período fora do expediente. Pode ser ir à academia, ler um livro, viajar, sair com os amigos...

Praticar o ócio criativo envolve também se concentrar no tempo presente, ou seja, deixar as preocupações com o passado e o futuro de lado quando você executa alguma atividade.

Pode parecer difícil com tantas coisas acontecendo ao nosso redor, mas as técnicas de mindfulness ajudam a controlar a divagação dos pensamentos.

O mindfulness é um estado mental caracterizado pela atenção plena nas atividades que estão sendo realizadas. Todos os sentidos são acionados para experienciar o momento presente de forma intencional e consciente.

Esse estado pode ser alcançado por qualquer pessoa, por meio da prática constante de exercícios. Os mais conhecidos são:

1. Respiração

Preste atenção na inspiração e expiração do ar dos seus pulmões. Em um local silencioso de casa, sente-se em uma cadeira (não é necessário sentar no chão e cruzar as pernas, caso você não tenha flexibilidade). Deixe as costas retas e coloque as mãos sobre a barriga para sentir os movimentos do seu corpo. Para facilitar a concentração, conte o número de vezes que você inspira e expira.

2. Sondagem corporal

Sente-se em um lugar confortável e feche os olhos. Preste atenção no contato das suas costas com a superfície. Em seguida, mude seu foco para os dedos do pé esquerdo. Você consegue diferenciar cada um deles?

Sua atenção deve percorrer depois a sola do pé, o calcanhar, o tornozelo e a perna inteira. O foco deve migrar pelo corpo todo, reparando em sensações como coceira, formigamentos, calor ou frio.

3. Caminhada

Quando for a pé ao mercado ou ao trabalho, deixe o fone de ouvido e o celular na mochila e se concentre no percurso.

Repare na gravidade agindo sobre seu corpo, sinta o solo sob os seus pés e o ar que roça em seus braços enquanto eles balançam. Preste atenção nos barulhos ao seu redor.

4. Alimentação

Durante as refeições, deixe a televisão desligada e o celular em outro cômodo. Monte o seu prato e observe as cores e as formas do seu alimento, sinta os cheiros e repare na salivação da sua boca.

Na primeira garfada, concentre-se no movimento do seu braço e, quando sua língua entrar em contato com a comida, preste atenção na textura e na temperatura.

Mastigue devagar e foque nos músculos usados para engolir.

5. Antes de dormir

Já na cama, sob as cobertas, preste atenção no seu corpo. Como você se sente? Leve ou agitado? Rememore cada momento do seu dia, como o seu café da manhã, a reunião com sua equipe...

Relembre os acontecimentos até chegar ao momento presente, sempre respirando profundamente. Então imagine cada parte do seu corpo desligando, da ponta dos dedos aos ombros.

Se não conseguir se concentrar, tente contar de mil até zero, de trás pra frente mesmo.

Lembrando que, para ter um programa de mindfulness personalizado, que atenda necessidades específicas, você deve procurar um profissional capacitado que passará orientações personalizadas para sua situação.

Como escolher uma faculdade EAD

Desenvolva sua criatividade e outras habilidades valorizadas pelo mercado

A criatividade já se tornou um pré-requisito para crescer na carreira, em todas as profissões. Ela está no rol de soft skills valorizadas pelo mercado de trabalho, junto com a comunicação, o pensamento analítico e a resiliência.

Todo profissional pode desenvolver essas habilidades. Por isso a importância de buscar cursos de graduação e pós-graduação que contribuam para o aprimoramento das habilidades socioemocionais.

Já existem faculdades e especializações que contam com módulos totalmente dedicados ao assunto na grade curricular. Se você está em busca de um novo curso para fortalecer o seu currículo, inclua na sua lista de critérios de escolha de curso se a instituição de ensino oferece um programa ou uma disciplina voltados para as soft skills.

Esperamos que esse guia sobre o ócio criativo tenha sido útil para você. E continue acompanhando o Blog do EAD para mais conteúdo sobre desenvolvimento pessoal e profissional:

Olívia Baldissera

Por Olívia Baldissera

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Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo do Blog do EAD.